Como parar de fumar – Parte 2

 

No artigo da semana passada falamos sobre os benefícios da cessação do tabagismo, assim como das etapas e obstáculos desse processo.

Confira mais detalhes no link: https://lorenandradegeriatra.com.br/como-parar-de-fumar/

No artigo de hoje, falaremos sobre os tratamentos disponíveis para parar de fumar.

A combinação dos tratamentos farmacológico e não farmacológico é a melhor estratégia, com maior taxa de sucesso.

Tratamento não farmacológico

O tratamento que não consiste em remédios também tem um papel fundamental nesse processo.

Inicie um programa de exercícios físicos regulares, com atividades aeróbicas; como caminhadas, corridas, ciclismo! O exercício físico ajuda a reduzir os sintomas de ansiedade e de abstinência.

Além disso, o exercício vai ser importante para evitar o ganho de peso que pode ocorrer com a interrupção do tabagismo. Nesse sentido, aderir a uma dieta saudável também vai contribuir.

Engaje-se em atividade de lazer, dedique-se mais aos seus hobbies, distraia-se!

A psicoterapia tem um papel muito importante também, em especial para aqueles que têm transtorno de humor, como ansiedade e depressão, nos quais o cigarro pode ser uma válvula de escape. A terapia pode ser em grupo ou individual. 

Embora parar de fumar abruptamente pareça ser mais eficaz, a redução gradual do tabagismo (redução de 50% do fumo na semana 4, outra redução de 50% na semana 8 e, em seguida, parar na semana 12) é uma alternativa aceitável.

Tratamento farmacológico

As medicações de primeira linha para a cessação do tabagismo incluem terapia de reposição de nicotina (NRT), vareniclina e bupropiona. Esses tratamentos visam reduzir os sintomas de abstinência da nicotina, tornando mais fácil o processo de parar de fumar.

Em geral, é utilizado o tratamento com vareniclina ou uma combinação de dois produtos de reposição de nicotina (um adesivo mais uma forma de ação curta, como a goma ou a pastilha) como terapia farmacológica de primeira linha.

Em geral, a terapia é recomendada por pelo menos três meses. Mas, as medicações podem ser estendidas por até um ano se o paciente tiver parado de fumar, mas apresentar um alto risco de recaída.

  • Terapias de substituição de nicotina

O objetivo é aliviar os sintomas de abstinência da nicotina, fornecendo nicotina sem o uso de tabaco.

Os produtos mais utilizados são: adesivo de nicotina (patch de nicotina), goma de mascar e pastilha.

 

1. Adesivos de nicotina

O adesivo libera a nicotina de forma mais prolongada e sustentada durante 24h. É usado para fornecer alívio sustentado dos sintomas de abstinência.

Os produtos de nicotina com ação mais rápida e curta (goma de pastilha) podem ser usados “conforme necessário” para controlar quaisquer momentos de desejos e sintomas de abstinência. 

A combinação das terapias (adesivo + goma) é considerada terapia padrão; no entanto, o uso de tipo único pode ser uma alternativa razoável com base no custo, perfis de efeitos colaterais e preferência do paciente.

Os efeitos colaterais comuns a esses produtos incluem sintomas gastrointestinais (náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia), dor de cabeça e irritação local, dependendo do método de administração. Os fumantes que experimentam efeitos colaterais podem titular o uso do produto para minimizar os efeitos colaterais ou alterar os produtos.

Os fumantes podem temer que se tornem dependentes da nicotina, mas a dependência da nicotina raramente ocorre, especialmente com o adesivo de ação prolongada. A nicotina desses produtos também não causa câncer.

A dosagem inicial da maioria dos produtos de reposição da nicotina é baseada no número de cigarros fumados diariamente. A dose é então gradualmente reduzida. Em geral, o uso desses produtos é recomendado por dois a três meses após a cessação do tabagismo, embora o uso possa ser postergado enquanto o fumante estiver em alto risco de recaída.

O adesivo tem um padrão de liberação de nicotina de longa ação e início lento, que produz um alívio relativamente constante da retirada da nicotina ao longo de 24 horas. O adesivo deve ser removido e substituído por um novo todas as manhãs em qualquer local de pele sem pelos.

2. Gomas de mascar de nicotina

A goma de nicotina é um produto de reposição de nicotina de curta ação comumente usada. Mastigar a goma libera nicotina, que é absorvida pela mucosa oral. Isso resulta em níveis máximos de nicotina no sangue 20 minutos após o início da mastigação.

Os pacientes podem usar até 24 gomas de mascar por dia durante as primeiras seis semanas de tratamento. Após, a dose é reduzida gradativamente nas próximas seis semanas, por um período mínimo de tratamento de três meses.

A mastigação adequada de chicletes é importante para resultados ideais. Recomenda-se “mastigar e estacionar”: mascar a goma até que apareça o gosto de nicotina, depois “estacionar” a goma contra a mucosa bucal até que o gosto desapareça, depois mastigue mais algumas vezes para liberar mais nicotina. Repetir isso por 30 minutos e, em seguida, descartar a goma (porque toda a nicotina na goma foi liberada).

Os efeitos colaterais são principalmente uma consequência da liberação excessiva de nicotina com mastigação excessivamente vigorosa e consistem em náuseas, vômitos, dor abdominal, constipação, soluços, dor de cabeça, salivação excessiva, maxilar dolorido e irritação ou úlceras na boca.

Referências:

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Loren Andrade

Residência em Geriatria no Hospital das Clínicas da USP. Especialista em Geriatria no InCor - USP

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