1. Vamos entender melhor a incontinência urinária na mulher!
A incontinência urinária consiste no vazamento involuntário de urina.
É uma condição muito comum nas mulheres, mas pouco identificada e pouco tratada.
Estima-se que quase 50% das mulheres adultas tenham episódios de incontinência urinária, mas apenas 25 a 61% das mulheres buscam atendimento.
Essa dificuldade em procurar atendimento se deve muitas vezes à vergonha, falta de conhecimento sobre as opções de tratamento e / ou medo de cirurgia.
É fundamental que vocês, mulheres, tragam suas queixas para o consultórios, sem vergonhas, pois estamos aqui para ajudá-las!!
A incontinência urinária não é uma condição que traz riscos à vida da paciente, mas compromete muito a qualidade de vida. A incontinência está associada à depressão e ansiedade, comprometimento do trabalho e isolamento social, aumento do risco de quedas (em especial nas idosas). Além disso, pode está associada à disfunção sexual e aumento do risco de infecções urinárias de repetição e infecções vaginais, como candidíase.
Não pense que é a incontinência é um problema normal da idade e lembre-se de que a maioria dos casos de incontinência urinária pode ser tratada com medidas simples!
2. Quais os fatores que aumentam o risco de incontinência urinária?
Os principais fatores são: Idade (é mais comum na pós-menopausa), obesidade, quantidade prévia de partos (principalmente os partos normais), história familiar.
Outros fatores observados: prolapso genital, constipação intestinal, exercício físico de muito alto impacto, tabagismo, ingestão de cafeína e bebidas alcóolicas, diabetes, derrame, depressão, incontinência fecal, atrofia vaginal da menopausa, terapia de reposição hormonal, cirurgia geniturinária (por exemplo, histerectomia) e radiação.
3. Quais são os tipos de incontinência urinária?
– Incontinência de estresse: o vazamento de urina que ocorre quando há aumento da pressão intra-abdominal (por exemplo, com esforço físico, espirros, tosse, riso);
– Incontinência de urgência: vem uma vontade urgente de urinar e não dá tempo de chegar ao banheiro, daí ocorre escape de urina;
- Incontinência mista: tem características das duas classes acima;
- Incontinência por transbordamento: há uma falha no músculo da bexiga ou uma obstrução para a saída de urina, dessa forma a bexiga fica cheia e não consegue esvaziar. Essa condição chega a um ponto que acaba vazando urina por transbordamento.
4. Como é feito o diagnóstico?
Na maioria das vezes, o diagnóstico é feito baseado nas queixas da paciente e no exame físico. Em geral, solicitamos exame de urina para excluir a presença de infecção urinária.
Em alguns casos podem ser necessários exames de imagem como ultrassonografia e, menos comumente, o estudo urodinâmico.
Durante a avaliação também investigamos o uso de medicações que possam estar contribuindo para a incontinência.
5. Como tratar a incontinência urinária?
O tratamento inicial consiste de medidas não farmacológicas e cuidados com outras doenças que possam estar causando a incontinência. Falaremos das medidas mais importantes, lembrando que algumas delas são mais efetivas para a incontinência de urgência e algumas para a incontinência de estresse, portanto, é fundamental a avaliação médica inicial para uma orientação mais direcionada!
- Treino de bexiga: urinar em intervalos programados de tempo, por exemplo a cada 1h, para evitar que haja urina na bexiga e, consequentemente, o escape dela. Conforme não vá havendo mais perda, esse intervalo vai sendo aumentando;
- Terapia com estrogênio vaginal para mulheres na pós-menopausa com IU e sintomas de atrofia vulvovaginal;
- Fisioterapia pélvica: exercícios para fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico;
- tratar outras patologias que possam contribuir para o quadro, além de ajustar medicações que possam estar causando ou piorando a incontinência;
- Tratar constipação intestinal com dieta e laxativos, quando necessário;
- Reduzir a ingestão de cafeína (que além do café, pode estar presente em chás, energéticos, termogênicos e refrigerantes);
- Reduzir a ingestão de bebida alcoólica;
- Exercício físico regular (entretanto, exercícios de alto impacto, podem acabar piorando a incontinência);
- Perda de peso, quando indicada;
- Cessar o tabagismo;
- Estimulação elétrica.
Para alguns casos, em especial aqueles mais importantes e que não melhoraram só com as medidas comportamentais é necessário tratamento com medicação.
Procure um médico para o correto diagnóstico e esclarecimento da causa da perda urinária!!
Referências:
- Minassian VA, Yan X, Lichtenfeld MJ, et al. The iceberg of health care utilization in women with urinary incontinence. Int Urogynecol J 2012; 23:1087.
- Harris SS, Link CL, Tennstedt SL, et al. Care seeking and treatment for urinary incontinence in a diverse population. J Urol 2007; 177:680.
- Hannestad YS, Rortveit G, Hunskaar S. Help-seeking and associated factors in female urinary incontinence. The Norwegian EPINCONT Study. Epidemiology of Incontinence in the County of Nord-Trøndelag. Scand J Prim Health Care 2002; 20:102.
- Morrill M, Lukacz ES, Lawrence JM, et al. Seeking healthcare for pelvic floor disorders: a population-based study. Am J Obstet Gynecol 2007; 197:86.e1.
- Coyne KS, Sexton CC, Irwin DE, et al. The impact of overactive bladder, incontinence and other lower urinary tract symptoms on quality of life, work productivity, sexuality and emotional well-being in men and women: results from the EPIC study. BJU Int 2008; 101:1388.