Médico geriatra

Deficiência de vitaminas e nutrientes nos idosos

Uma frase que ouço com muita frequência no consultório e que tenho certeza que muitos de vocês já ouviram: Doutora, estou fraco, acho que preciso de umas vitaminas!

A absorção e o metabolismo das vitaminas e dos nutrientes é muito diferente do indivíduo jovem para o idoso. Por isso, as deficiências de vitaminas e de nutrientes é mais comum nos idosos!

Mas, calma! Eu não estou dizendo que todo idoso tem deficiência de vitaminas! E, por favor, não vão sair por aí comprando polivitamínicos sem prescrição médica! Isso pode ser perigoso!

No artigo de hoje, vamos falar sobre as deficiências de vitaminas e nutrientes mais comuns nos idosos, assim como as causas e as consequências delas.

Deficiência de vitamina B12

A deficiência de vitamina B12 está presente em cerca de 10 e 20% dos idosos.

A principal fonte dessa vitamina são os alimentos de origem animal, em especial as carnes, por isso é comum em indivíduos com baixo consumo de proteínas, como os veganos, quando não fazem a reposição adequada.

A deficiência de B12 pode ocorrer pela redução da ingestão, pela redução da absorção dessa vitamina pelo organismo ou por ambos os fatores.

Sabe-se que aproximadamente 15% dos idosos absorvem mal a vitamina B12 ligada à proteína. Isso é resultado das alterações que ocorrem no estômago com o envelhecimento (redução do ácido gástrico, gastrite atrófica), e pode também ser consequente à infecção pelo Helicobacter pylori.

Indivíduos com deficiência de vitamina B12 podem não apresentar nenhum sintoma, em especial se a deficiência for leve. Por isso, e pelo fato de ser uma condição comum no idoso, o ideal é que essa vitamina seja dosada no sangue com uma certa periodicidade.

As consequências da deficiência de B12 incluem: anemia e alterações hematológicas, doenças neurológicas e psicológicas, alterações de memória.

Vitamina D

A deficiência da vitamina D é muito comum na população geral, mas principalmente nos idosos. Isso ocorre devido à baixa exposição solar, além de uma ingestão insuficiente pela dieta.

Poucos alimentos contêm vitamina D, é praticamente impossível obter a quantidade necessária dessa vitamina apenas pela dieta.

A principal função da vitamina D está relacionada com a regulação do metabolismo ósseo, sendo ela essencial na prevenção e no tratamento da osteoporose.

As principais consequências da deficiência da vitamina D são: osteoporose, aumento do risco de queda e fratura, fraqueza muscular, alteração funcional, dentre outros.

Para mais detalhes sobre a deficiência de vitamina D, leia o artigo do nosso Blog: https://lorenandradegeriatra.com.br/os-milagres-da-vitamina-d/

Cálcio

A ingestão adequada de cálcio é essencial para a saúde dos ossos. A eficiência da absorção de cálcio pelo trato gastrointestinal diminui significativamente após os 60 anos. Indivíduos entre 70 e 90 anos absorvem aproximadamente um terço a menos de cálcio do que os adultos mais jovens.

Os idosos devem ingerir cerca de 1000 mg de cálcio por dia, idealmente através da dieta. Se não for possível alcançar essa meta através da dieta, a reposição com comprimidos está indicada.

Os comprimidos de cálcio podem levar a alguns efeitos colaterais, como constipação intestinal.

 

Polivitamínicos

Os polivitamínico são comumente consumidos pela população, em especial pelos idosos. Até o momento não há evidência clara de benefícios para a saúde.

É preciso ter cuidado com essas fórmulas, pois algumas possuem doses muito altas de algumas substâncias, podendo levar à intoxicação, em especial quando o indivíduo já faz uso dessa substância individualmente. Exemplo frequente dessa situação: pessoas que fazem uso de vitamina D e acabam tomando esses polivitamínicos que também possuem vitamina D em sua composição, mas eles não sabem.

A suplementação de rotina com multivitaminas e minerais não é indicada para reduzir infecções em idosos frágeis e provavelmente não é benéfica, a menos que seja claro que o idoso não está atendendo às necessidades de micronutrientes devido à baixa ingestão geral. Dessa forma, devemos repor apenas “o que está faltando”.

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Loren Andrade

Loren Andrade

Residência em Geriatria no Hospital das Clínicas da USP. Especialista em Geriatria no InCor - USP

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