MITO!
Na geriatria, não podemos generalizar as recomendações para todos os pacientes, pois em algumas situações, por exemplo, nos deparamos com idosos com 60 anos extremamente saudáveis; e, em outras, lidamos com idosos com 90 anos, com várias doenças associadas e mais fragilizados.
Como podemos ver, são dois perfis de pacientes muito diferentes, por isso são necessárias abordagens diferentes, individualizada para cada um.
Dessa forma, quando iniciamos o tratamento da hipertensão arterial no idoso, podemos ter objetivos diferentes com relação aos valores de pressão que queremos atingir com o tratamento.
O diagnóstico de hipertensão arterial é dado quando a pressão do indivíduo está maior ou igual a 14×9 mmHg em duas ocasiões.
Em algumas situações, necessitamos pedir um exame confirmatório, chamado MAPA (o paciente passa 24h com um aparelho de medir pressão no braço e obtemos a média da presão durante o dia e a noite).
Por exemplo, alguns indivíduos são muito ansiosos e, quando o médico vai medir sua pressão no consultório, ela está elevada; entretanto, quando o paciente verifica a pressão em casa, ela está normal. Nesse caso, podemos estar diante do que chamamos de “hipertensão do jaleco branco”. O exame MAPA ajudará a confirmar ou descartar a presença de hipertensão, já que ele vai mostrar a média dos valores de pressão durante as 24h, sem a presença do “jaleco branco”.
Uma vez iniciado o tratamento, a nossa meta, de uma maneira geral, será manter a pressão abaixo de 13×8. Entretanto, essa meta pode ser diferente a depender do perfil do paciente, levando-se em consideração o quão saudável e hígido ele é, assim como os riscos de apresentar efeitos colaterais importantes.
A. E por que tratar a hipertensão? Quais são os benefícios?
Com adequado controle da pressão, ocorre uma redução importante do risco de apresentar doenças cardiovasculares, como: infarto, acidente vascular cerebral (também conhecido popularmente como derrame), insuficiência cardíaca, doenças renais etc.
Lembrando que as doenças cardiovasculares além de serem umas das principais causas de morte em todo o mundo, acarretam uma elevado grau de incapacidade.
B. Essa necessidade de individualizar o tratamento ocorre por dois motivos principais:
1. Os benefícios do controle mais rigoroso da pressão são observados a longo prazo. Portanto, indivíduos mais jovens e mais saudáveis tendem a se beneficiar mais de um controle mais rigoroso da pressão, pois eles tendem a ter uma maior expectativa de vida;
2. Mais importante ainda, pacientes mais fragilizados e debilitados têm maior chance de apresentar efeitos colaterais às medicações. Dessa forma, o controle mais rigoroso da pressão pode ter mais riscos do que benefícios, já que serão necessárias mais medicações.
E quais os principais efeitos colaterais do controle mais rigoroso?
– Hipotensão (pressão muito baixa) que pode levar à tontura, queda, sonolência;
– Alteração na função do rim;
– Desmaio.
Nesse contexto, quando se trata de um paciente com mais de 80 anos, com múltiplas doenças, frágil e debilitado, podemos tolerar valores de pressão menos rigorosos, pois as medicações para a pressão podem ter muitos efeitos colaterais e o paciente não tolerar o tratamento.
Por outro lado, quando o paciente tem menos de 80 anos, é saudável e tem poucas doenças associadas, podemos visar valores menores de pressão, desde que ele tolere bem as medicações, sem efeitos colaterais importantes.
Consulte seu geriatra para uma melhor avaliação e saiba qual a meta de pressão arterial recomendada para você!
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